Teatro Nacional São João do Porto


Soundwalkers
Um filme de Raquel Castro
18 Nov. a 4 Dez. 2011
terça-feira 14:00 - 19:00
quarta-feira a sábado 14:00 -  22:00
domingo 14:00 - 17:00

Soundwalkers é uma inquirição sobre as nossas paisagens sonoras, uma busca de sentido para os sons do nosso quotidiano. Propõe uma viagem pelos ruídos de que, aparentemente, nem nos damos conta, mas que informam decisivamente a nossa percepção dos espaços que habitamos e em que nos movemos. Pontuado por depoimentos de músicos, sound artists, musicólogos e arquitectos, Soundwalkers é um ensaio (inclusive na acepção teatral: tentativa, experiência, prova) de ecologia acústica sem, todavia, deixar de ser um objecto fílmico de especial agilidade plástica e gráfica. A apresentar num lugar de passagem – o foyerdo TNSJ –, enquanto no palco se apresenta A Voz Humana de Cocteau, Soundwalkerslança-nos o repto: ande – escute – olhe.


Entrada Gratuita

A Voz Humana 
18 Nov. a 4 Dez. 2011
quarta-feira a sábado 21:30
domingo 16:00


Ansioso, atribulado e desesperado telefonema de despedida de uma mulher abandonada pelo amante, A Voz Humana é um monólogo traiçoeiramente simples e prosaico. Apupada na estreia, em 1930, a peça de Jean Cocteau acabou inevitavelmente por encontrar a sua fortuna, ao ser interpretada por actrizes como Ingrid Bergman, Liv Ullmann e Simone Signoret, e ao tornar-se, por exemplo, o núcleo sensível de A Lei do Desejo de Pedro Almodóvar. Parece agora ter chegado o momento de Emília Silvestre assumir, entre nós, esta mulher que fala ao telefone com um amante invisível – e inaudível. Um novo teste ao excepcional domínio vocal, ao apurado sentido de composição e à desenvolta plasticidade da actriz fundadora do Ensemble, depois dos fulgurantes monólogos e solos que foram pontuando a sua carreira – do tour de force pessoano da “Carta da Corcunda para o Serralheiro” deTurismo Infinito e Sombras à demasiado humana Boca de Não Eu, de Beckett, ou a esse repositório de dor de Dama d’Água, de Frank McGuinness. Mas nesta Voz Humana também Carlos Pimenta – acompanhado por Raquel Castro, realizadora do filme-ensaio Soundwalkers – propõe uma evasão do naturalismo que informa o texto de Cocteau, ensaiando um novo investimento audiovisual e colocando em tensão os 80 anos volvidos sobre a escrita deste monólogo em que a tecnologia – o telefone – detém um papel central.

de
Jean Cocteau
tradução
Alexandra Moreira da Silva
concepção e encenação
Carlos Pimenta
concepção, som e imagem
Raquel Castro
figurinos
Bernardo Monteiro
música original
Dead Combo
desenho de som
Francisco Leal
desenho de luz
José Álvaro Correia
interpretação
Emília Silvestre
co-produção
Ensemble – Sociedade de Actores,São Luiz Teatro MunicipalTemps d’Images/Dupla CenaTNSJ
classificação etária
M/12 anos

50% desconto para membros NWEC




Insomnia
Fotografias de Carlos Medeiros
18 Nov. a 18 Dez. 2011

Poderiam ser imagens do que antecede ou se segue ao telefonema que uma mulher faz ao amante que a abandona. Poderiam ainda ser imagens de uma das várias interrupções dessa pungente despedida, perturbada por linhas cruzadas e interferências. De facto, não são, mas poderiam ser. Porque o conjunto de fotografias a preto-e-branco, sem títulos, que Carlos Medeiros nos propõe em Insomnia parece intersectar a atmosfera e a personagem ferida de A Voz Humana de Jean Cocteau. Se o espectáculo que Carlos Pimenta e o Ensemble propõem na sala do TNSJ se projecta num horizonte nosso contemporâneo, as fotografias de Carlos Medeiros expostas no Salão Nobre recuam face ao tempo que passou, aproximando-nos antes dos anos 1930 e 1940, a época em que o monólogo de Cocteau se estreou e conheceu, primeiro, o escândalo e, depois, uma invulgar fortuna. Inspirada no imaginário do film noir, utilizando sombras dramáticas e alto contraste, Insomniaoferece uma narrativa densa, sem desfecho. Um telefone mudo, a janela de estores corridos, a passagem das horas no relógio de parede: tudo aqui nos fala de uma mulher abandonada à espera e, talvez, ao seu desespero.


fotografias
Carlos Medeiros
instalação
João Mendes RibeiroCatarina Fortuna
produção
TNSJ

Entrada Gratuita



Corpo, Voz, Escrita, Voz
Conferência de José A. Bragança de Miranda
26 Nov. 2011
sábado 18:00



Ensaísta cujos interesses se vêm concentrado sobre os poderosos efeitos das tecnologias na experiência contemporânea, José A. Bragança de Miranda propõe-nos um pequeno elogio do telefone, essa invenção tecnológica que Jean Cocteau considerou “mais perigosa que o revólver” e que está no coração de A Voz Humana, monólogo agora interpretado por Emília Silvestre e encenado por Carlos Pimenta. Partindo da complexidade que essa máquina aparentemente banal veio introduzir na relação de presença e ausência, o investigador ensaiará uma leitura da peça (e do espectáculo) como um drama das ligações, técnicas e humanas. À melancólica tirada da personagem de Jean Cocteau – “com este aparelho o que acabou, acabou”, diz a mulher ao amante que a abandonou – Bragança de Miranda contrapõe: “Mas no desligar, no acabar do jogo, estão novos começos”.


conferência de
José A. Bragança de Miranda
organização
TNSJ


Entrada Gratuita



Teatro Carlos Alberto

Monstros de Vidro
24 Nov. a 4 Dez. 2011
quarta-feira a sábado 21:30
domingo 16:00






Havia um Porto para lá da Circunvalação, a cidade aonde não se vai, em O Resto do Mundo (2007), uma viagem de táxi que desencadeava uma reflexão sobre o nosso tempo e lugar. Como havia um Porto, geográfico e mental, da Europa e do mundo, emOrla do Bosque (2001), onde uma geração de trintões se questionava sobre o seu papel na cidade, algures entre o elogio das fronteiras que nos definem e a crítica das fronteiras que nos aniquilam. Quando passaram 10 anos, o colectivo Visões Úteis regressa ao Porto (território que nunca lhes sai do corpo e da cabeça, e de que continuamente extraem matéria teatral) e revisita os fundamentos de Orla do Bosque, num gesto que recusa a nostalgia para no seu lugar colocar a interrogação como motor da construção de um futuro. Em 2001, ano da Capital Europeia da Cultura, vivíamos em plena euforia consumista. Em 2011, o ano de todas as ressacas, vivemos na inevitabilidade da privatização daquilo que é comum a todos. Monstros de Vidroarrisca um balanço em acto da década que passou, com a ambição de cartografar o “movimento autêntico dos corpos comunitários” de que nos fala o filósofo francês Jacques Rancière. “Este espectáculo recusará piedade e medo”, adverte a companhia. Magnífica hipótese de trabalho: a condescendência é um beco sem saída.

texto e direcção
Ana VitorinoCarlos Costa
cenografia e figurinos
Inês de Carvalho
banda sonora original e sonoplastia
João Martins
desenho de luz
José Carlos Coelho
elementos gráficos e audiovisuais
entropiadesign
co-criação
Ana Azevedo, Nuno CasimiroPedro Carreira
interpretação
Ana AzevedoAna VitorinoCarlos CostaPedro Carreira e ainda Inês de Carvalho
produção
Visões Úteis
duração aproximada
[1:30]
classificação etária
M/16 anos



50% desconto para membros NWEC



Desejo Sob os Ulmeiros
9 a 18 Dez. 2011
quarta-feira a sábado 21:30
domingo 16:00




Foi a última produção estreada no contexto da programação 2010-2011 do TNSJ, e regressa agora ao palco originário para encerrar em alta o primeiro quadrimestre da nova temporada. Escrito em 1924, Desejo Sob os Ulmeiros é um poderoso drama familiar cujas raízes se entranham na tragédia grega – os temas do incesto, do infanticídio e do conflito que opõe pai e filho parecem extraídos das peças de Eurípides e Sófocles – e nas Sagradas Escrituras (não há apenas citações bíblicas, mas também personagens em carne viva, violentamente apaixonadas e contraditórias), bem como na tortuosa história familiar de Eugene O’Neill, o primeiro dramaturgo norte-americano a receber o Prémio Nobel. Mas Desejo Sob os Ulmeiros é mais do que uma câmara de ressonâncias literárias, religiosas e psicanalíticas: depois de concluir a sua trilogia tchekhoviana (a Platónov e A Gaivota seguiu-se, recentemente, As Três Irmãs),Nuno Cardoso encena um texto duro como granito – “Deus é duro, não é fácil!”, repete o velho Ephraim Cabot –, que questiona o sonho americano e nos confronta com personagens que se desmascaram, devoram e amam.

de
Eugene O’Neill
tradução
Jorge de Sena
encenação
Nuno Cardoso
cenografia
F. Ribeiro
figurinos
Cristina Costa
desenho de luz
Pedro Carvalho
sonoplastia
Luís Aly
assistência de encenação
Victor Hugo Pontes
interpretação
Afonso SantosAntónio Capelo,Catarina LacerdaCláudio Silva,Pedro Frias
co-produção
Ao Cabo TeatroACE/Teatro do Bolhão
duração aproximada
[2:05] sem intervalo
classificação etária
M/16 anos



50% desconto para membros NWEC




Texto e Representação no Teatro Contemporâneo
14 a 16 Dez. 2011
quarta-feira a sexta-feira 14:30 - 18:30




Nascido em 1952, em Madrid, Guillermo Heras é uma das mais multifacetadas figuras do teatro espanhol. Encenador premiado de espectáculos de teatro e ópera, gestor cultural (é, desde 2006, coordenador da Unidade Técnica do Programa Iberescena), ensaísta (destaquemos Escritos Dispersos, volume onde compila textos teóricos sobre artes performativas), dramaturgo e, por último mas não em último, pedagogo. É nesta qualidade que se apresenta no TNSJ, a convite da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, para orientar o seminário Texto e Representação no Teatro Contemporâneo Espanhol e Ibero-Americano. Ao longo de três dias, e através de reflexão teórica, leituras de fragmentos de textos dramáticos e visionamento de vídeos, Guillermo Heras propõe-se estabelecer uma visão panorâmica da relação entre texto e representação a partir do trabalho desenvolvido por autores, encenadores e intérpretes no espaço ibero-americano. Este seminário destina-se a estudantes e profissionais de artes cénicas, bem como a todos aqueles interessados nas relações da dramaturgia contemporânea com outras áreas de criação da cena ibero-americana.

seminário orientado por 
Guillermo Heras
organização 
Faculdade de Letras da Universidade do Porto 
colaboração 
TNSJ
apoio
Mostra Espanha 2011/Ministério da Cultura de Espanha

Número limitado de inscrições.

Informações junto do departamento de Relações Públicas 
(telf: 22 340 19 56 ou e-mail rp@tnsj.pt)




Mosteiro São Bento da Vitória


Leituras no Mosteiro

8 Nov a 20 Dez. 2011
terça- feira 21:00



Da Regra criada por São Bento – o fundador da ordem beneditina –, onde a leitura em voz alta durante as refeições era doutrina com força de lei, aos lectors do séc. XIX, que nas fábricas de charutos cubanos recitavam compêndios de história e romances didácticos aos operários, longa e copiosa é a história da leitura feita em voz alta. Se não lhe acrescentam um capítulo autónomo, as Leituras no Mosteiro introduzem-lhe, pelo menos, uma clandestina nota de rodapé. Porque a iniciativa promovida pelo Centro de Documentação do TNSJ faz-se desse prazer antigo e afinal sempre novo que é a leitura partilhada em voz alta. Dedicando um mês a um país diferente (até ao final do ano, privilégio concedido aos países da Europa meridional e, no frio Dezembro, à Rússia), cruzam-se clássicos e contemporâneos, perspectivando-se a gestação oral de cada texto dramático, mas também o seu devir teatral. Ao entrar agora no seu segundo ano de ininterrupta actividade, as Leituras no Mosteiro passam a contar com a presença regular de convidados: investigadores universitários, autores, tradutores, encenadores, actores… Se se preferir, close readers: gente que no palco, na academia ou nessa coisa a que chamamos “vida” se entregou ao texto, amou-o e sofreu as suas dores de crescimento. No Mosteiro de São Bento da Vitória, mantém-se válida a máxima beneditina: “A Escritura cresce com aquele que a lê”.


coordenação
Nuno M CardosoPaula Braga
organização
TNSJ


Entrada Gratuita



Cânticos dos Cânticos
23 Nov e 24 Nov. 2011
quarta-feira e quinta-feira 21:30





Da Bíblia – o “livro dos livros” ou, como lhe chamou William Blake, “o grande código da arte ocidental” – faz parte um texto de recorte erótico e amoroso: o Cântico dos Cânticos, livro atribuído ao rei Salomão e suposto herdeiro da antiga poesia lírica egípcia ou da literatura ritual da Mesopotâmia. Rabinos e teólogos cristãos discutiram arduamente a integração deste poema nupcial no cânone sagrado, sobressaltados talvez pelo excesso de paixão ou pelas metáforas mais ousadas. Mas no principal texto do judaísmo rabínico, a Mishná, está escrito: “O mundo inteiro não é digno do dia em que o Cântico dos Cânticos foi dado a Israel”. Tomando de empréstimo a tradução de José Tolentino Mendonça – que a realizou na sua dupla condição de poeta e teólogo –,Pedro Estorninho e o TEatroensaio dão-nos a ler este canto de amor feito de admiração e impaciência que, tantos séculos depois, continua a exercer a sua sedução. Ao colorido vegetal, à profusão de perfumes e às imagens sensuais desencadeadas pelas palavras do Cântico dos Cânticos associa-se, nesta leitura encenada a realizar no claustro do Mosteiro de São Bento da Vitória, a interpretação ao vivo de música antiga, colocada ao serviço deste texto tão humano – e, por isso, tão sagrado.

tradução
José Tolentino Mendonça
encenação
Pedro Estorninho
direcção musical
Carmina Repas
figurinos
Inês Mariana Moitas
desenho de luz
Romeu Guimarães
interpretação
António DurãesJosé Eduardo Silva,Inês LeiteJulieta Guimarães,Helena Carneiro Gonçalves
produção
TEatroensaio
classificação etária
M/12 anos



50% desconto para membros NWEC